segunda-feira, 13 de outubro de 2008

4 minutos (vezes 4)

Tem expressão mais aterrorizante que essa? Pensa bem: o sujeito tá conversando com os colegas e eis que ele surge no final do que conseguimos distinguir da rua.
É, meu caro. Aquele sujeito, todo ousado, por ser grande, vem e impõe que você o acompanhe. A gente pára e fica com a língua pronta pra dizer:
- Quem é você?
Esperto, como só ele é,faz você perceber que tem de ir com ele.
- Vai com quem então? Tem noção do quanto pode demorar até surgir outra chance dessa?
Quantos palavrões lhe surgem? Quantos deles poderiam a ele se dirigir? Quase todos, eu bem sei.
Aí você está um pouco acima dos demais. Beleza. Também está um pouco mais rápida. E ele deixa bem claro, o máximo de vezes possível, que é graças a ele que aquele seu avanço ocorre. O patético não nota que há muitos mais ágeis que ele.
A gente só não troca por uma questão de praticidade e economia.
Vale destacar as experiências que seres da mesma estirpe que ele possuem. Já viram de tudo.

CASO 1: a esposa - já não dotada de todo o vigor estético a seu favor – tem o desprazer de encontrar seu marido com a amante; e eu estava lá...indo para escola; pobre ser com a penas treze anos teve de ver aquelas duas mulheres se agarrarem e brigarem mais que animais. E uma – a não tão linda – ainda ficou sem roupa (a amante rasgou sua blusa e como podia aquela senhora não usar um sutiã com toda aquela imensidão de seios?). Sei não. E ele lá.

CASO 2: aquela mulher que vai com a penca de filhos – penca mesmo - tipo cacho de bananas; ela vai quinze minutos depois e resolve se levantar. Ainda grita com ele e com quem o acompanha. Costuma não responder a quem lhe dá tapinhas...não é cavalo.

Quão experiente. Ira quando rasteja atrás da gente, nos encurrala e só falta dizer:
- Ou vai ou morre.
Calados a gente fecha os olhos e meio fingindo que não conhece segue. Ele todo lento, só anda fazendo barulho (parece gostar de chamar atenção). Todo mundo olha. Não vá pra janela; é que ele leva você para uns lugares onde coisas podem ser atiradas nelas. Pode ser atingido por garrafas peti e ovos – mesmo não sendo carnaval. Alguns lugares são engraçados.
Você já está lá, com ele e, em parte, nele. Pra variar um pouco o seu dia, em um determinado ponto, ele resolve não ir. Eu, tola, não posso nem reagir. Vou fazer o que? Gritar, chorar, fazer draminhas, chantagens emocionais – típico nessas situações e em determinadas localidades.
Respiro e coloco o orgulho, herdado de meu pai, em primeiro lugar. Logo outro aparece por aí. Não deve demorar muito não. Ônibus existem aos montes. Algum terá de passar... espero.



Obs.: pra brincar um pouco mais com o ser ônibus, chamo atenção para o fato de que eles querem tanto que nós fiquemos com ele que a expressão SUBI NO ÔNIBUS, é a mesma coisa de trás pra frente. Tem noção? Não dá pra descer. O caminho contrário dá no mesmo lugar de onde você partiu.



BOA VIAGEM, QUERIDO.

Um comentário:

Dionísio disse...

muito legal este blog. O cotidiano inventado, descrito, desinventado, discreto. Como quem passeia entre o trivial e a exceção.