terça-feira, 28 de outubro de 2008

Feitura


Não satisfeitos em engordar; agora deram para perseguir, persuadir, tentam imprimir.

É que tem fermento demais, os pães além de bonitos só por fora, são frágeis. Um estalar de dedos e pronto! Tudo vira farelo.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Dias

Bons dias. Devia ser um dia para o sol estar brilhando e queimando – queimando muito – passarinhos cantando, sorrisos em glorioso e majestoso excesso de sorrisos. Palavras amiguinhas.
Não era preciso. O dia é bom quando está chuvoso. Bons filmes e chocolate são as únicas coisas esperadas em excesso.

Não é que tenha lembrado. Não deu pra esquecer.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

4 minutos (vezes 4)

Tem expressão mais aterrorizante que essa? Pensa bem: o sujeito tá conversando com os colegas e eis que ele surge no final do que conseguimos distinguir da rua.
É, meu caro. Aquele sujeito, todo ousado, por ser grande, vem e impõe que você o acompanhe. A gente pára e fica com a língua pronta pra dizer:
- Quem é você?
Esperto, como só ele é,faz você perceber que tem de ir com ele.
- Vai com quem então? Tem noção do quanto pode demorar até surgir outra chance dessa?
Quantos palavrões lhe surgem? Quantos deles poderiam a ele se dirigir? Quase todos, eu bem sei.
Aí você está um pouco acima dos demais. Beleza. Também está um pouco mais rápida. E ele deixa bem claro, o máximo de vezes possível, que é graças a ele que aquele seu avanço ocorre. O patético não nota que há muitos mais ágeis que ele.
A gente só não troca por uma questão de praticidade e economia.
Vale destacar as experiências que seres da mesma estirpe que ele possuem. Já viram de tudo.

CASO 1: a esposa - já não dotada de todo o vigor estético a seu favor – tem o desprazer de encontrar seu marido com a amante; e eu estava lá...indo para escola; pobre ser com a penas treze anos teve de ver aquelas duas mulheres se agarrarem e brigarem mais que animais. E uma – a não tão linda – ainda ficou sem roupa (a amante rasgou sua blusa e como podia aquela senhora não usar um sutiã com toda aquela imensidão de seios?). Sei não. E ele lá.

CASO 2: aquela mulher que vai com a penca de filhos – penca mesmo - tipo cacho de bananas; ela vai quinze minutos depois e resolve se levantar. Ainda grita com ele e com quem o acompanha. Costuma não responder a quem lhe dá tapinhas...não é cavalo.

Quão experiente. Ira quando rasteja atrás da gente, nos encurrala e só falta dizer:
- Ou vai ou morre.
Calados a gente fecha os olhos e meio fingindo que não conhece segue. Ele todo lento, só anda fazendo barulho (parece gostar de chamar atenção). Todo mundo olha. Não vá pra janela; é que ele leva você para uns lugares onde coisas podem ser atiradas nelas. Pode ser atingido por garrafas peti e ovos – mesmo não sendo carnaval. Alguns lugares são engraçados.
Você já está lá, com ele e, em parte, nele. Pra variar um pouco o seu dia, em um determinado ponto, ele resolve não ir. Eu, tola, não posso nem reagir. Vou fazer o que? Gritar, chorar, fazer draminhas, chantagens emocionais – típico nessas situações e em determinadas localidades.
Respiro e coloco o orgulho, herdado de meu pai, em primeiro lugar. Logo outro aparece por aí. Não deve demorar muito não. Ônibus existem aos montes. Algum terá de passar... espero.



Obs.: pra brincar um pouco mais com o ser ônibus, chamo atenção para o fato de que eles querem tanto que nós fiquemos com ele que a expressão SUBI NO ÔNIBUS, é a mesma coisa de trás pra frente. Tem noção? Não dá pra descer. O caminho contrário dá no mesmo lugar de onde você partiu.



BOA VIAGEM, QUERIDO.

domingo, 5 de outubro de 2008

Mau hábito

- E aí?
- Sei não. Vê se você consegue chegar nela sem fazer muito barulho.
- Não garanto nada; ela tá acompanhada, você não tá vendo?
- Ela sempre esteve acompanhada; dá pra ser mais rápido?
- Sem estresses, beleza? Até parece que é seu nome que está em jogo.
- É como se fosse.
- Como se fosse? Não entendi.
- Vá e pare de fazer questionamentos.
- Agora você vai explicar suas frases soltas; quer dizer alguma coisa?
- Tem o que dizer não.
- Cara, você fica cheio de segredinhos. Falou com ela não foi?
- Não.
- Falou.
- Falei.
- Sério?
- Não.
- Droga.
- Vai lá logo.
- Ela se levantou.
- Acha que ela vai sair?
- Deve tá indo embora. Vou não.
- Quer o quê? Um empurrão para poder chegar?
- Não; só não acho que vai ser assim o jeito certo de ir.
- Qual o livro que você andou lendo que explica sobre “os jeitos certos”?
- Pára; sabe que isso a gente não encontra em nenhum livro e nem em um “manual”.
...

(Um dia numa livraria, em boa companhia e ouvidos que não cabiam em si. Conversa interrompida)